A cirurgia bariátrica, conhecida por ser um procedimento transformador para aqueles que lutam contra a obesidade, não é apenas uma intervenção física, mas também uma jornada emocional e psicológica profunda. Neste contexto, a avaliação psiquiátrica desempenha um papel vital, oferecendo uma compreensão abrangente do bem-estar mental do paciente, essencial para o sucesso da cirurgia.
A cirurgia bariátrica vai além de ser um mero procedimento médico. Ela representa uma ponte para uma nova vida, com implicações que afetam o indivíduo em vários níveis. A decisão de passar por tal cirurgia não deve ser tomada levianamente, pois as mudanças que se seguem são imensas, tanto física quanto psicologicamente. Os pacientes não apenas experimentam uma transformação corporal significativa, mas também se deparam com ajustes em seu estilo de vida, dieta e, o mais importante, sua percepção de si mesmos e do mundo ao seu redor.
Nesse cenário, a figura do psiquiatra surge como um guia crucial, alguém que pode avaliar a preparação mental do paciente para enfrentar essas mudanças. A avaliação psiquiátrica antes da cirurgia bariátrica não é apenas uma formalidade, mas uma etapa crítica para garantir que o paciente esteja mentalmente "equipado" para lidar com as transformações que virão. Muitos serviços de cirurgia bariátrica solicitam para o paciente um relatório / parecer médico psiquiátrico que leve em consideração o histórico de saúde mental do candidato, sua capacidade de aderir a novos hábitos de vida e sua resiliência emocional diante dos desafios que possam surgir no pós-operatório.
Este laudo / atestado é um documento vital, não só para os cirurgiões, mas também para a equipe de apoio que acompanhará o paciente ao longo de sua jornada. Ele informa sobre possíveis riscos psicológicos, como a propensão a transtornos alimentares, depressão ou ansiedade, que podem surgir ou se intensificar após a cirurgia. Além disso, fornece insights sobre a estrutura de apoio do paciente, sua compreensão e expectativas realistas sobre os resultados da cirurgia, e sua disposição para adotar um estilo de vida saudável a longo prazo.
A importância deste relatório/laudo psiquiátrico se estende também ao período pós-operatório. A recuperação da cirurgia bariátrica não se limita à cicatrização física; ela abrange uma adaptação psicológica significativa. Mudanças na imagem corporal, na dinâmica das relações sociais e familiares, e na forma como o paciente interage com comida requerem uma abordagem cuidadosa e empática. O psiquiatra, "armado" com o conhecimento adquirido durante a avaliação inicial, está em uma posição privilegiada para oferecer o suporte necessário durante este período de transição, ajudando o paciente a navegar por estes desafios com maior confiança e estabilidade emocional.
Por fim, desmistificar os mitos que cercam a cirurgia bariátrica é uma parte crucial do papel do psiquiatra. Muitos pacientes chegam com concepções erradas, acreditando que a cirurgia será uma cura milagrosa para todos os seus problemas, não apenas físicos, mas também emocionais e psicológicos. O psiquiatra deve trabalhar para reajustar essas expectativas, destacando a importância da responsabilidade pessoal e do comprometimento com a mudança de estilo de vida para garantir resultados duradouros.
Fonte: Dr. Marcelo Amarante