Alegando que o design de suas plataformas prejudica a saúde mental dos adolescentes, causando um ônus de US$ 100 milhões anualmente em programas e serviços de saúde, Nova York está movendo uma ação judicial contra grandes redes sociais. A ação, que inclui TikTok, Instagram, Facebook, Snapchat e YouTube, acusa essas plataformas de contribuírem para o aumento de problemas de saúde mental entre os jovens, tais como depressão e transtornos relacionados ao suicídio, gerando grandes desafios para as cidades, escolas e sistemas hospitalares públicos no fornecimento de serviços de saúde mental para esta faixa etária.
O processo vem na esteira de interrogatórios no Congresso dos Estados Unidos, nos quais executivos destas plataformas foram questionados sobre a influência negativa de seus conteúdos na saúde mental e na autoimagem dos jovens e adolescentes. Esta ação se junta a uma série de processos movidos por famílias, estados e municípios dos EUA contra as empresas de mídia social pelo impacto alegado na saúde mental de crianças e adolescentes.
Em uma coletiva de imprensa, o prefeito Eric Adams enfatizou que Nova York é pioneira entre as grandes cidades americanas ao adotar uma postura firme contra os perigos das mídias sociais, comparável à luta contra o tabaco e as armas. A cidade busca compensação financeira e medidas judiciais que possibilitem o financiamento de programas educativos preventivos e de tratamento de saúde mental.
Nova York também revelou um plano de ação detalhando como pretende responsabilizar as plataformas de mídia social, além de oferecer suporte educacional para jovens e famílias, e investigar os efeitos de longo prazo da mídia social na juventude.
Em resposta, um representante do Snap destacou o design intencional da plataforma para fomentar a comunicação entre amigos próximos, afirmando o compromisso contínuo da empresa em apoiar conexões positivas e seguras entre adolescentes. Da mesma forma, a Meta, controladora do Instagram e do Facebook, mencionou seu investimento de uma década em mais de 30 ferramentas e recursos destinados à segurança online dos jovens. TikTok e YouTube, por sua vez, não emitiram comentários.
Adams, ao introduzir o plano de ação, expressou sua preocupação com as características aditivas e prejudiciais das redes sociais, que desviam os jovens de atividades saudáveis e interações pessoais, substituindo-as por horas gastas em dispositivos eletrônicos, muitas vezes resultando em insegurança e depressão. Ele descreveu o processo como um passo audacioso para proteger os nova-iorquinos e responsabilizar as plataformas por seu papel na crise de saúde mental.
No entanto, nos Estados Unidos, uma lei federal conhecida como "Seção 230" dificulta o processo contra plataformas de mídia social, pois protege as empresas de tecnologia de serem responsabilizadas pelo conteúdo publicado por seus usuários. Contrariamente, na União Europeia, a Lei dos Serviços Digitais permite processar essas empresas por até 6% de suas receitas globais se violarem a legislação.
Fonte: CNN.com